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* A Seicho-no iê e a fé cristã. Existem compatibilidades?


O fundador da Seicho-No-Iê foi Masaharu Taniguchi, um japonês que iniciou o seu trabalho em 1930 com a publicação da revista Seicho-No-Iê, nome que significa “A Casa da Plenitude”, isto é, a casa onde se encontra a vida, amor, sabedoria, abundância e todos os demais bens em grau infinito. Em 1940, o movimento foi registrado como religião perante o governo japonês; tem seu culto e algo como a sua bíblia, que é chamada de “Seimei no Jisso” e sua mensagem doutrinária. É a mais eclética de todas a religiões. Mistura o budismo com cristianismo e crenças do Oriente, etc.
Os pontos principais da sua crença são:
- A matéria não tem existência real. Só existe a realidade espiritual. Para Taniguchi, tudo o que acontece no mundo material é mero reflexo da mente. Ora, isto é fantasia; o mundo é real, a matéria é real e pode ser submetida a experiências físicas e químicas.
- O mal não existe, é pura ilusão e produto da mente humana; portanto, a doença não existe, de forma que para quem cultiva o pensamento positivo todas as doenças desaparecem, e a felicidade é possível.
Ora, isto é outra fantasia. É claro que é importante o pensamento positivo, mas não se pode exagerar e achar que ele resolve todos os problemas e doenças. Se fosse assim, os hospitais estariam vazios e os médicos e psiquiatras não teriam tantos problemas.
- O pecado também não existe; é irreal, é pura ilusão. Taniguchi acha que um dos maiores males do homem é o fato de este se considerar pecador.
É aqui que esta “religião” bate de frente com o Cristianismo, já que Cristo veio para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Portanto, se o pecado não existe, para que Jesus Cristo? Desprezando-se o pecado, despreza-se Jesus Cristo, despreza-se o Cristianismo.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos mostra toda a gravidade do pecado:
“Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (CIC § 1488). São palavras fortíssimas que mostram que não há nada pior do que o pecado.
O parágrado 386 desta mesma obra diz: “O pecado está presente na história do homem: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes. Para tentarmos compreender o que é o pecado, é preciso antes de tudo reconhecer a ligação profunda do homem com Deus, pois fora desta relação o mal do pecado não é desmascarado em sua verdadeira identidade de recusa e de oposição a Deus, embora continue a pesar sobre a vida do homem e sobre a história”.
São Paulo, numa frase lapidar, explica toda a hediondez do pecado e razão de todos os sofrimentos deste mundo: “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23).
Tudo o que há de mau na história do homem e do mundo é conseqüência do pecado, que começou com Adão. “Por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5,12).
O Catecismo diz com toda a clareza: “A morte é conseqüência do pecado. Intérprete autêntico das Sagradas Escrituras e da Tradição, o Magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem” (CIC §1008).
O Catecismo também ensina que: “A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do homem a ser vencido” (1Cor 15, 26).
Santo Agostinho dizia que: “O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que se decide a cometê-lo”. Sintetizava tudo afirmando que “pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada”. E revela, em muitas coisas, algo sobre si mesmo nas “Confissões”: “Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro”.
Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado.
“Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor”. (Rom 5,21)
O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio exatamente para quebrar essa corrente. São João deixa bem claro na sua carta: “Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3,5). “Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3,8). Essa “obra do diabo” é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus e nos rouba a vida bem-aventurada.
Jesus, significa, em hebraico, “Deus salva”. Salva dos pecados e da morte. Na Anunciação, o Anjo disse a Maria: “(…) lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1, 31). A José, o mesmo Anjo revela: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21).
A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2, 7), Ele enviou o Filho d’Ele para salvar o seu povo dos seus pecados.
“Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10). “Este apareceu para tirar os pecados” (1Jo 3,5).
O Catecismo da Igreja Católica lembra que “foram os pecadores como tais os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos por que passou o divino Redentor” (CIC § 598).
Jesus é o Servo de Javé sofredor, que se deixa levar silencioso ao matadouro como se fosse uma ovelha muda (cf. Is 53,7; Jr 11,19), e carrega os pecados das multidões (cf. Is 53, 12) e toda sua vida se resumiu em “servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados” (Mt 26,28).
A primeira coisa que Jesus fez, no dia da sua Ressurreição, foi enviar os Apóstolos para perdoar os pecados. “Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós… Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20, 22-23).
Isto mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, “tirar o pecado do mundo”, e Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para isso. Agora, vivo e ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, por meio do ministério da Igreja, dá o perdão a todos os homens.
Logo, a Seicho-No-Iê não se coaduna de forma alguma com a fé cristã e a nega naquilo que é mais essencial: a Redenção do mundo pela Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, não pode ser seguida por nenhum católico, mesmo que aparentemente tenha muitas coisas boas e bonitas.
Muitos católicos – que não conhecem bem a doutrina católica – às vezes são iludidos com a Seicho-No-Iê por conta de suas frases e pensamentos bonitos, quando, na verdade, esta doutrina desta nega radicalmente o CristianismoFonte: Prof. Felipe Aquino

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